Em M..., importante cidade da Alta-Itália, a Marquesa de O..., senhora de excelente reputação, viúva, mãe de duas crianças de uma perfeita educação, fez saber pelos jornais que ficara grávida sem seu conhecimento, que o pai da criança que ia dar à luz se devia apresentar e que, por razões de natureza familiar, se encontraria na disposição de casar com ele.
«Se o romance trabalha sobre a duração, ou seja, sobre um fragmento de tempo mais ou menos extenso envolvendo uma multiplicidade de antes e depois, a "Novelle", ao trabalhar sobre um durante, como que suspendendo o antes e o depois, ganha qualquer coisa do dizer acrónico que é o da poesia e, consequentemente, qualquer coisa da "abertura", do não-completamente-dito, ou mesmo do não-dito (porque não-dizível) que, passe a ousadia da generalização, se inscreve na tecitura profunda da literatura alemã, pelo menos entre o Geniezeit e o Expressionismo.
Ao não-dito chega-se, por exemplo, pelo inaudito. É que o inaudito, se for apenas dito (...), deixa consigo um proliferar (suspenso) de sentidos possíveis, a par de uma ameaça: a da impossibilidade do sentido. De facto, a história do absurdo na literatura alemã far-se-ia em grande parte à custa da história da "Novelle".»
José M. Justo (da Introdução)
- Título original Die Marquise von O... / Das Erdbeben in Chili
- Tradução e introdução José M. Justo
- 1.ª edição 1985
- Páginas 106
- ISBN 972-608-026-6
*O preço final inclui 10% de desconto da editora (válido até 31/12/2024)
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