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Pão Seco | Público | Crónica de Amílcar Correia
«“Choro a morte do meu tio, rodeado de crianças. Algumas choram comigo. Já não é só quando me batem ou perco alguma coisa que choro. Reparo que as outras pessoas também choram. É a fome no Rife. A seca e a guerra”. O livro chama-se Pão Seco e o autor Muhammad Chukri (1935-2003). Este início é apenas uma antecâmara da violenta narrativa que se desenrola ao longo de duas centenas de páginas. Chukri faz do leitor um saco de boxe, que é o que a vida fez dele mesmo. Ler Chukri é um atrevimento: a escrita é torrencial e o autor está-se nas tintas para qualquer disciplina ou normatividade literária e gramatical.»