As crianças dormem tranquilas. Nunca se queixam. O homem, esse queixa-se porque percebe que é um escravo. Procura sair disso, grita, debate-se, mas nada acontece. As crianças são a força que se erguerá um dia da lama dos bairros populares. Uma força imensa e explosiva que nada mais poderá deter. Vinda do fundo das vielas, submergirá as praças e as avenidas. Rebentará como um mar tempestuoso, atingindo desta forma o rio as ilhas adormecidas no esplendor dos palácios. Aí deter-se-á por fim. Respirará vigorosamente. Terá atingido o seu objectivo.
A Casa da Morte Certa, o segundo livro do autor, foi publicado pela primeira vez em Paris em 1942. Nos livros de Cossery expõe-se uma concepção da vida que tende a formular um verdadeiro modelo filosófico. A ambição no sentido quantitativo é a causa de todas as desgraças do mundo. Aquele que só espera da vida o prazer de simplesmente fruir a existência em si mesma por si mesma fica liberto de todas as preocupações invasoras, dificultando do mesmo passo as imposições dos poderosos.
- Título original La maison de la mort certaine
- Tradução Ana Margarida Paixão
- 1.ª edição 2001
- Páginas 188
- ISBN 972-608-142-4
*O preço final inclui 10% de desconto da editora (válido até 31/12/2024)
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