Sem as artes menores, o nosso descanso seria vazio e desinteressante, e o nosso trabalho apenas um fardo, mero desgaste do corpo e da mente.
As palestras e artigos coligidos em As Artes Menores e outros ensaios foram originalmente apresentados ou publicados entre 1877 e 1894. No seu conjunto, estes textos oferecem ao leitor uma amostra da profunda relação entre as ideias políticas e estéticas de William Morris. Esta ligação entre o prazer na criação e a organização da vida quotidiana constitui um dos motivos centrais do seu pensamento e da sua prática artística.
Observador atento das condições de existência impostas pelo avanço do capitalismo industrial nas cidades inglesas, Morris criticou uma ordem económica fundada no trabalho duplamente alienado: alienado da sua utilidade social pelo circuito auto-referencial do capital e alienado do prazer humano em moldar a matéria para produzir beleza. Expropriados da sua própria vida pelo novo modo de produção, restava aos seres humanos reavê-la sob a forma de mercadorias adulteradas — um processo que a sociedade de consumo não deixou de aperfeiçoar desde então a cada ganho de produtividade.
A persistência das contradições e problemas diagnosticados por Morris, designadamente o avanço na destruição dos ecossistemas e na mercantilização de cada instante da existência permite-nos entender melhor a sua defesa da arte como prática social capaz de libertar o trabalho.
- Tradução Isabel Donas Botto
- 1.ª edição 2003
- Páginas 236
- ISBN 972-608-166-1
*O preço final inclui 10% de desconto da editora (válido até 31/12/2024)
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