As pessoas abominam o silêncio, porque é transparente; como a água límpida, que revela todos os obstáculos – as coisas usadas, os mortos, os afogados –, o silêncio revela as palavras e os pensamentos descartados que atiramos lá para dentro, para lhe turvar a corrente límpida. E, quando fitam o silêncio demasiado perto, as pessoas enfrentam por vezes o próprio reflexo, as próprias sombras ampliadas nas profundezas, e isso assusta‑as.
JARDINS PERFUMADOS PARA OS CEGOS (1963) abre-nos as portas da família Glace – Edward, um pai ausente obcecado por genealogia, e Vera, angustiada com a voluntária mudez da filha Erlene –, revelando-nos a solidão e a incomunicabilidade que a atingem. Fechados em mundos interiores, os três habitam páginas de uma beleza perturbadora sobre a vida fértil da imaginação e a insuficiência de «palavras descartadas, abandonadas como destroços nas ilhas desertas da mente, de onde brotam ervas daninhas e venenosas, fruto do tempo e do uso». Um romance hipnótico e sublinhável ad aeternum, com um final desconcertante, que atesta o esplendor da escrita indomável de Janet Frame.
- TÍTULO ORIGINAL Scented Gardens for the Blind
- TRADUÇÃO Paulo Faria
- ILUSTRAÇÃO DA CAPA Christina Casnellie
- 1.ª EDIÇÃO Outubro 2025
- PÁGINAS 232
- FORMATO 13,5 x 21 cm
- ISBN 978-972-608-485-3
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*O preço final inclui 10% de desconto da editora (válido até 31/12/2025)
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