Ambrose Bierce
De Ambrose Bierce (1842-1914?) pouco se sabe com rigor. Jornalista de acerado estilete, contista de raro estilo, polemista temível e lexicógrafo do Diabo, foi dado como desaparecido na revolução mexicana. Este mistério figura entre os enigmas da história literária norte-americana. Bierce nasceu numa cabana, em Horse Cave Creek, algures no Ohio. Não recebeu qualquer instrução além da que obteve nos livros do pai, camponês pobre. Quando nos EUA deflagra, em 1861, a guerra civil provocada pela abolição da escravatura, Bierce alista-se como voluntário nas tropas abolicionistas, participando em muitas lutas e distinguindo-se nas batalhas do Oeste. Em 1886, estabelece-se em São Francisco e enceta uma carreira de jornalista incorruptível que o levará a Londres por quatro anos, o fará regressar com aplauso a São Francisco e finalmente o conduz a Washington, onde com argúcia irá observar a miséria humana da política. Tanto os seus primeiros livros, onde já há obras-primas, como mais tarde o célebre Dicionário do Diabo ou as Obras Completas, nunca terão, em vida do escritor, grande êxito junto do público. Desde a Guerra da Secessão, Bierce, misantropo e herdeiro da tradição satírica de Juvenal a Swift, sempre castigou sem piedade e sem excepções a estupidez humana.