Graça Pina de Morais
Graça Pina de Morais (1929-1992) nasceu no Porto e cresceu no Douro e em França, onde o pai, escritor e contestatário, foi obrigado a exilar-se. Médica de profissão, cedo abraçou a sua veia literária, publicando os primeiros contos em 1955 e afirmando-se com o romance A Origem (Antígona, 1991) e o premiado Jerónimo e Eulália (Antígona, 2000). Publicaria ainda livros de contos e uma peça de teatro. Íntima de um restrito grupo de escritores em que se incluía Bernardo Santareno, o seu carácter simultaneamente tímido e orgulhoso manteve-a apartada dos grandes círculos das Letras – e da celebridade. Legou-nos um acutilante retrato do Portugal de meados do século XX, da lonjura das paisagens do Douro à claustrofobia dos apartamentos lisboetas, dos consultórios médicos aos salões da sociedade burguesa, cujas figuras submeteu sem pudor ao «subtilíssimo sismógrafo» com que intuía os seus mais profundos instintos.