Henry Louis Mencken

Henry Louis Mencken (1880-1956) nasceu em Baltimore, Maryland, e foi exactamente a controvérsia suscitada pela coluna que assinava no Baltimore Sun que lhe granjeou notoriedade a nível nacional, marcando indelevelmente os EUA do século XX. Mencken destacou-se, de facto, enquanto jornalista, ensaísta, crítico literário e comentador político, um «libertário» precoce, autor de uma prosa clara como água e mortal e certeira como um tiro, da qual faz parte, por exemplo, American Language, In Defense of Women, A New Dictionary of Quotations e Prejudices [Preconceitos, série de seis volumes publicada entre 1919 e 1926], onde está incluído o presente ensaio, On Being An American, no original. De facto, a assombrosa modernidade deste texto, publicado em 1922, deve muito à lucidez dissidente de Mencken, que, sem falsas ilusões ou demagogias, sem quaisquer panos quentes, desata a língua e não deixa ninguém impune, nem mesmo o povo norte-americano, «um rebanho de palhaços», desde os chamados pais da nação aos respectivos filhos, uma vez que todos fazem parte da mesma classe que utiliza hipocritamente o medo, o seu próprio medo, como forma de manipular as opiniões. Satírico, mordaz, provocador, polémico, Mencken leva afinal o paraíso do «sonho americano» ao inferno, revolvendo e expondo as entranhas dos factos e das mentalidades, até chegar às raízes do «mal americano». Mencken não terá porventura previsto as guerras no Médio Oriente (guerras já não tradicionalmente imperialistas, mas em nome do controlo capitalista, desafiando o mundo inteiro), enfim, a dimensão tentacular da ganância do poder, mas, alterando as datas e os nomes citados, é fácil colocar este texto na boca de qualquer refractário moderno.



Os Americanos
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