Biblioteca breve sobre racismo | Ípsilon (Público) | Sugestões de Inês Nadais e Isabel Lucas

«Crítica da Razão Negra Achille Mbembe Antígona
Publicada em 2013, esta obra que sintetiza as teses de Mbembe sobre a invenção do “negro” — a besta de carga que alimentou os impérios europeus e, mais tarde, os recém-criados Estados Unidos da América, criando, paradoxalmente, as condições de conforto material que permitiram o florescimento dos ideais progressistas do Iluminismo e da democracia moderna — é referência obrigatória para entender como a raça se mantém, até hoje, uma categoria operacional para ler o mundo e as suas interdependências geopolíticas e económicas. Deste pensador camaronês está ainda editado em Portugal outro título fundamental, Políticas da InimizadeI.N.

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A Estação da Sombra Léonora Miano Antígona
Século XVI, Mulongo, África Central. Um incêndio destrói a aldeia e, no fim, a população apercebe-se da ausência de 12 homens da tribo, a maioria adolescentes. Três mães choram os desaparecidos e são banidas para que a sua tristeza não contamine quem ficou. Uma delas inicia a viagem que a leva à verdade. Foram capturados por europeus e transportados para outro continente. No lugar deixam consternação, alteração de rituais, elos que se quebram, um quotidiano novo, reconstruído de forma sensível e literariamente sábia para falar do que raramente tem sido escrito: a perspectiva dos que ficam no lugar da captura. É o sétimo romance de Léonora Miano (n.1973), camaronesa radicada em França. I.L.

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Sei Porque Canta o Pássaro na Gaiola Maya Angelou Antígona
Fundada numa radical experiência de mudez, a voz literária de Maya Angelou é um dos mais impressionantes testemunhos da experiência de nascer, crescer e morrer num país dividido pela cor. Poeta e activista, passou quase cinco anos da sua infância apenas a ouvir e a absorver, após um episódio traumático que, como outros da sua atribulada vida, comparece nesta autobiografia. “Quando tinha sete anos e meio, fui violada. Contei ao meu irmão, que contou à minha mãe… e passados uns dias esse homem apareceu morto. A minha lógica infantil produziu esta dedução: o homem fora morto porque eu tinha dito o seu nome. A minha voz tinha o poder de matar. Então deixei de falar.” Até que um dia começou a escrever… I.N.»


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