Viver a Minha Vida | Ípsilon (Público) | Recensão de António Araújo ★★★★★

«Emma Goldman: um dos acontecimentos editoriais do ano.

[...] Dar à estampa a sua esmagadora autobiografia, num volume de quase mil páginas, é um gesto de grande audácia e coragem editorial, tanto mais louvável quanto, mesmo no estrangeiro, poucos são os que se atrevem a publicar a versão integral de uma obra nuclear da história do movimento anarquista e do pensamento libertário. Em língua francesa, por exemplo, só em 2018 foi editado o texto original na íntegra, numa tradução esmerada de Laure Batier e de Jacqueline Reuss, cujo labor de investigação e o apoio são, de resto, reconhecidos por Luís Leitão, que assina a versão portuguesa, impecável e de grande apuro, como tudo quanto sai, desde há décadas, sob a esclarecida chancela da Antígona.

[...] Uma vida extraordinária, digna de muitos filmes, começada na penúria e num meio familiar opressivo, prosseguida com tremendo esforço e admirável autodidactismo, atravessada por amores vários e outras tantas rupturas, sentimentais e políticas. Trabalhou como costureira, foi caixeira de uma loja de espartilhos, envolveu-se em conspirações inúmeras, arriscou até ao limite. Fez conferências, pugnou pela liberdade dos mais fracos, defendeu o amor livre e a homossexualidade, apelou a um maior respeito pelas mulheres e seus direitos. Perante uma biografia tão cheia, tão prenhe de sonhos e de sobressaltos, será descabido perguntar se Emma Goldman terá sido feliz. É inegável, porém, que lutou e sofreu para que os outros o fossem, mais felizes e mais livres, pugnando por aquilo a que chamou o “direito de todos usufruírem de coisas e belas coisas”. E isto, só por si, justifica que a conheçamos melhor, lendo-lhe agora as memórias, tão extraordinárias como ela.»

Para ler na íntegra aqui.


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