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Dos Nossos Irmãos Feridos | Novo Semanário | Os melhores livros de 2021
«Quando em 2016, venceu o Prémio Goncourt para romance de estreia, Joseph Andras voltou a colocar o passado colonial francês em cima da mesa. A história que contava ambientava-se em Argel, em 1956, e tinha Fernand Iveton, operário pied-noir comunista e independentista como seu protagonista. Detido e torturado, foi o único europeu guilhotinado pelo regime francês durante a guerra, que duraria até 1962. Tudo porque colocou um engenho explosivo na fábrica onde trabalhava, com o intuito de causar apenas danos materiais. Foi preso ainda durante o seu turno desse dia e, apesar de a bomba não ter chegado a explodir, acabaria executado.
Publicado em 2021 em Portugal, este diamante em bruto, de registo curto e singular, próximo da oralidade, vive sob o signo da urgência: serve para que se olhe para o passado com vista a que não se cometam os mesmos erros no futuro; para que a memória não seja silenciada pela força de uma guilhotina; para que a biografia trágica de Iveton não seja apenas um caso entre outros, mas um alerta contínuo contra a injustiça. É o mais original e notável livro publicado em Portugal este ano.»