Em Outubro na Antígona

 

Arrancamos mais um mês e mais dois livros da estante dos inéditos em Portugal. Sobre a Essência do Dinheiro (1845), de Moses Hess, e Redenção (2014), de Richard Wagamese, à disposição dos nossos leitores em todas as livrarias, bem como no nosso site, a partir do dia 9 e 25 de Outubro, respectivamente.

 

Sobre a Essência do Dinheiro é a primeira tentativa de transposição do conceito feuerbachiano da «alienação» religiosa para as esferas da vida social e económica: o que Deus é no mundo das ideias, o dinheiro é no mundo real da sociedade moderna.

 

Um texto injustamente esquecido, com intuições fulgurantes que antecipam temas do que viria a ser a crítica da economia política de Karl Marx.

  

Moses Hess (1812-1875) foi um filósofo e jornalista alemão de origem judaica, cujo nome é hoje associado tanto às origens do comunismo como do sionismo. Membro da «juventude hegeliana», Hesse foi fundamental para o trajecto filosófico que liga Hegel a Karl Marx, e, enquanto amigo e colaborador deste e de Friedrich Engels, decisivo para a formação do movimento comunista na década de 1840.

 

Redenção (2014) narra o reencontro de Eldon Starlight, um homem destruído pelo álcool, e do seu jovem filho, Franklin, que ele mal conhece. A travessia das deslumbrantes florestas da Colúmbia Britânica, em busca da terra sagrada da tribo onde o pai moribundo tem por último desejo ser enterrado, revela uma relação difícil em busca de apaziguamento e redenção. Ao longo dos trilhos, ecoa a história de vida de Eldon – da sua dura infância ao combate na Guerra da Coreia e aos traumas que perduraram –, e descobre-se na natureza uma herança comum. Tido pela crítica como uma viagem iniciática numa prosa magistral e límpida, este romance ilustra a trajectória de uma geração de homens nativos das Primeiras Nações canadianas no século xx.

 

Richard Wagamese (1955-2017), jornalista e escritor premiado, foi uma das vozes cimeiras das Primeiras Nações do Canadá e membro da tribo Ojíbua. Cresceu em casas de acolhimento, onde conheceu a violência e o estigma, temas frequentes na sua obra. Aos 16 anos, viveu nas ruas, e foi nas bibliotecas públicas, onde se abrigava do frio, que se tornou um ávido leitor. Repórter desde 1979, o seu trabalho literário e jornalístico valeu-lhe uma distinção do Canada Council for the Arts, entre muitos outros prémios. Legou-nos vários ensaios e romances, entre os quais se destacam Ragged Company (2008), Indian Horse (2012), cuja adaptação cinematográfica foi produzida por Clint Eastwood, e Starlight (2018).


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