Em Destaque // ver todos
Rentrée 2020 | Novidades de peso e reedições há muito esperadas
A nossa colheita para encerrar o ano pandémico. Com notas de insolência e aroma a subversão, para degustar ao longo de 365 dias.
Uma pandemia terrível e incontrolável que varre o planeta e faz ruir a civilização? Temos, por Jack London. Uma biografia caleidoscópica da humanidade em 366 histórias, uma para cada dia do calendário? Temos, por Eduardo Galeano. Fotocópias do efémero em frases indeléveis que capturam a passagem do tempo? Temos, por John Berger. Tomates enlatados? Oui, bien sûr.
7 de Setembro
Tempo do Coração – Correspondência | Ingeborg Bachmann e Paul Celan
Cartas
Organização, posfácios e notas Bertrand Badiou, Hans Höller, Andrea Stoll e Barbara Wiedemann
Tradução Claudia J. Fischer e Vera San Payo de Lemos
Viena, Primavera de 1948. Cruzam-se os destinos de duas estrelas brilhantes no firmamento da poesia de língua alemã, inaugurando um diálogo íntimo e literário que se estenderia por duas décadas: Ingeborg Bachmann (1926-1973), estudante de Filosofia, em choque com o pai, partidário do nacional-socialismo, e que sonhava com uma linguagem que cruzasse fronteiras, e Paul Celan (1920-1970), sobrevivente do Holocausto e poeta consagrado. O futuro reservava-lhes glórias e dissabores: a ela, a luta pelo reconhecimento numa sociedade dominada por homens, e a aclamação com O Tempo Aprazado (1953) e Malina (1971); a ele, o dilema de escrever uma obra maior na língua dos assassinos dos seus pais, as campanhas de difamação movidas por um anti-semitismo persistente; aos dois, um incomensurável esforço para encontrarem «as palavras certas», como poetas, amigos e amantes.
Tempo do Coração reúne a correspondência dos dois autores – mantida em segredo até 2008 – e traça um retrato comovente de seres que se debatem com a escrita, os silêncios e a procura de uma voz própria depois de Auschwitz. Carta após carta, testemunhamos a ascensão de dois mestres da literatura, a sua vulnerabilidade perante os detractores e a exposição pública, e a constante busca pela admiração e pelo amor um do outro.
6 de Outubro
Os Filhos dos Dias | Eduardo Galeano
Narrativas
Tradução Guilherme Pires
«E os dias fizeram-se à estrada.
E eles, os dias, fizeram-nos.
E assim nascemos nós,
os filhos dos dias,
os indagadores,
os investigadores da vida.»
A Antígona prossegue a publicação das obras de Eduardo Galeano com Os Filhos dos Dias (2011), ilustrado pelo autor: trezentas e sessenta e seis histórias de heróis anónimos e de feitos de que não reza a História, que revelam a fragilidade dos famosos e a grandeza dos ignorados. Um calendário da história humana em que cada dia encerra uma história surpreendente por contar e um livro que é, segundo Eduardo Galeano, «a possibilidade de ver o universo pelo buraco da fechadura. Ou seja, a partir das pequenas coisas de cada dia, contemplar a grandeza escondida».
19 de Outubro
Sobre a Leitura | Marcel Proust
Ensaio
Tradução Miguel Serras Pereira
Prefácio originalmente escrito em 1905 para a tradução francesa de Sesame and Lillies, de John Ruskin, assinada pelo próprio Marcel Proust, agora em tradução de Miguel Serras Pereira. Neste maravilhoso elogio da leitura, Proust confessa-se um leitor apaixonado e voraz, recuando aos livros lidos saborosamente na adolescência, à sombra das avelaneiras, nos longos dias de Verão, e às dolorosas interrupções na leitura estival, impostas pelos afazeres do quotidiano. Uma reflexão que desagua, num segundo momento, no papel da leitura como arma contra a complacência perante o mundo. Um livro para amantes do universo misterioso da página, na magnífica prosa de Proust.
2 de Novembro
Fotocópias | John Berger
Contos
Tradução Inês Dias
«Nada se perde. Tudo o que vemos permanece connosco.»
Vinte e oito histórias, tão comoventes e breves como envolventes, sobre lugares, pessoas, encontros e recordações, que deixaram uma impressão indelével em John Berger: amigos e viajantes com quem o autor se cruzou na Europa e no mundo do fim do milénio, estranhos em cafés, Henri Cartier-Bresson no metro de Paris, uma viagem de ferry no Mediterrâneo, Barcelona a derreter ao sol de Verão. Fotocópias (1996) – tiradas a algo que não se possui, ou cujo original efémero é ameaçado pela passagem do tempo, mas cuja imagem queremos conservar e recordar – captura com sensibilidade o que é fugaz, flashes ou revelações, eternizando-os na página.
16 de Novembro
A Praga Escarlate | Jack London
Romance
Tradução Ana Barradas
«O mundo desabou, absoluta e irremediavelmente. Dez mil anos de cultura e civilização esvaíram-se num instante, desfizeram-se como espuma.»
2013. Uma pandemia terrível e incontrolável – a morte vermelha, a praga escarlate ¬– varre o planeta e faz ruir a civilização. Os Estados modernos colapsam, bem como as instituições tidas por duradouras, e o mundo retrocede à barbárie: o medo reina, as pessoas isolam-se, hordas saqueiam lojas, e muitos fogem em massa das cidades. Todos estes acontecimentos são relatados em 2073 por James Smith, um dos poucos sobreviventes em São Francisco, que transmite aos netos as suas lembranças de um mundo já distante. Um texto profético sobre a vulnerabilidade da nossa civilização, publicado em 1912, e que ecoa sonoramente no presente.
Reedições em destaque
Mendigos e Altivos | Albert Cossery
3.ª edição aumentada
Prefácio Roger Grenier
Tradução Júlio Henriques
Outono Alemão | Stig Dagerman
3.ª edição
Tradução Júlio Henriques
Mulheres | Eduardo Galeano
2.ª edição
Tradução José Colaço Barreiros
A Quinta dos Animais | George Orwell
Nova tradução revista
Prefácio Christopher Hitchens
Tradução Paulo Faria
E ainda...
Os Tomates Enlatados | Benjamin Péret
Nova edição
Tradução Torcato Sepúlveda
Posfácio Júlio Henriques
Ilustrações Yves Tanguy