Quem era La Boétie e que pretendia ele? O que constitui a «eternidade» deste Discurso, a sua intensidade de cometa cruzando os séculos, é o facto de esta análise não ser «de tempo nenhum» sendo como é «de todos os tempos» — desde que existe o poder do Estado.
«Como Maquiavel, a quem se opõe menos do que parece, La Boétie atinge os segredos políticos dos séculos vindouros (Spinoza, Locke, Rousseau), fazendo-o porém com uma maior lucidez, que o leva a recusar qualquer visão ideal das relações entre o Estado e o cidadão. Além disso o Discurso extravasa dos moldes duma leitura política tradicional. O repetido fascínio que exerce provém de igualmente lançar os fundamentos dum estudo das relações entre o domínio e a servidão nas relações íntimas, interpessoais. O tirano não se reduz a uma categoria política, é também uma categoria mental, ou até «metafísica». Esta relação entre domínio e servidão não se trava somente na sociedade constituída, trava-se também no âmago da consciência. Deste Discurso não extraímos uma simples lição política, extraímos igualmente uma lição ética, moral, como um apelo a rejeitar das nossas próprias entranhas a figura ameaçadora, e cruel, e adorada, do tirano.» Séverine Auffret
Hino à liberdade composto em 1563, este discurso e a sua intensidade de cometa cruzando os séculos revelam como o poder da autoridade assenta na obediência consentida dos oprimidos. Uma leitura essencial em tempos em que os próprios homens aprovam o poder de poucos sobre muitos.
- TRADUÇÃO E PREFÁCIO Manuel João Gomes
- 4.ª EDIÇÃO 2020
- PÁGINAS 94
- FORMATO 13 x 21 cm
- ISBN 978-972-608-013-8
*O preço final inclui 10% de desconto da editora (válido até 31/12/2024)
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