Um pouco por todo o lado, a operação de tomar partido, de tomar posição pró ou contra, substituiu a operação do pensamento. Estamos perante uma lepra que teve origem nos meios políticos e que se estendeu à quase totalidade do pensamento. É duvidoso que se consiga remediar essa lepra se não começarmos pela supressão dos partidos.
Nesta brevíssima Nota sobre a Supressão Geral dos Partidos Políticos (escrita entre 1942 e 1943), Simone Weil vai bem além da mera provocação. Expondo as dinâmicas de poder e hierarquia que nascem no chamado «espírito de partido», e assistindo ao triunfo generalizado da opinião sobre a verdade e às consequências do seguidismo e da propaganda em várias áreas da vida pública – do jornalismo à educação, das artes à religião –, Weil proclama que a verdadeira política, aquela que persegue o bem comum, só poderá existir quando os partidos saírem do caminho.
Esta noção de que «um partido é uma pequena igreja profana armada com a ameaça de excomunhão», oficialmente constituído para «matar nas almas o sentido da verdade e da justiça», arrasa as fundações em que assenta o nosso sistema político. Mas ressoa ainda hoje nos escombros das ilusões por ele fabricadas – abrindo brechas de pensamento individual, livre, a salvo de «paixões colectivas».
- TÍTULO ORIGINAL Note sur la suppression générale des partis politiques
- TRADUÇÃO Manuel de Freitas
- 1.ª EDIÇÃO 2017
- PÁGINAS 72
- FORMATO 13,5 x 21 cm
- ISBN 978‑972‑608‑303-0
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