O abuso de inteligência impede que se compreenda a estupidez e, por conseguinte, que a ela se possa resistir. Deste modo, a partir de um certo grau, a inteligência torna‑se suficientemente estúpida para considerar a estupidez tão inteligente como ela própria.
De Paris à Casa Branca, o tradutor Gaspard Boisvert — ex-conselheiro do «presidente americano mais estúpido da história do país», criador de slogans para bebidas espirituosas e plausível bisneto de Hitler — tenta escapar incólume ao processo mundial de estupidificação em curso. Porém, atormentado por frases como «a democracia ocidental é o estádio derradeiro duma sociedade avançada», «a excisão do clítoris constitui um facto cultural» ou «é preciso saber prever com antecipação», acaba por sucumbir a um esgotamento nervoso. A história de Gaspard dá o mote a um narrador empenhado em fornecer estatísticas embaraçosas da espécie humana — brinquedos sexuais favoritos, recordistas sanguinários, restrições alimentares dos devotos —, neste romance carregado de humor à Hašek e ironia à Rabelais, na senda de Europeana. O Fim do Mundo Não Terá Acontecido (2017) revela um Patrik Ouředník fascinado com o apocalipse, lançando-se com unhas e dentes aos lugares-comuns do discurso e ao imparável cretinismo dos nossos dias.
- TÍTULO ORIGINAL La Fin du monde n'aurait pas eu lieu
- TRADUÇÃO Júlio Henriques
- ILUSTRAÇÃO DA CAPA Eixa
- 1.ª EDIÇÃO 2022
- PÁGINAS 176
- FORMATO 13,5 x 21 cm
- ISBN 978‑972‑608‑414-3
*O preço final inclui 10% de desconto da editora (válido até 31/12/2024)
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