Benjamin Péret
Benjamin Péret (1899-1959), estudante pouco aplicado, é empurrado pela mãe para o exército depois de profanar uma estátua. O uniforme não assenta bem ao provocador dadaísta, e essa obstinada transgressão acompanha-o durante toda a vida: em 1924, abandona Dadá para seguir Breton e fundar a revista La Révolution surréaliste; junta-se ao Partido Comunista Francês, mas logo renuncia ao estalinismo; emigrado no Brasil, adere à oposição trotskista e é expulso pelo regime de Vargas; luta ao lado dos anarquistas na Guerra Civil Espanhola e, durante a França de Vichy, o seu antimilitarismo lança-o na prisão como agitador; depois do exílio no México, regressa a Paris em 1948, permanecendo até à morte ao lado de surrealistas e libertários, publicando títulos como Le Déshonneur des poètes e Anthologie de l’amour sublime. Viveu na obscuridade e sem um tostão, mas a sua intransigência permitiu uma obra sempre aberta à maravilha. A sua inscrição tumular, gravada a vermelho numa pedra de granito, diz tudo sobre a encarnação do refractário: «Desse pão não como.»