Henry Miller

Henry Miller (1891-1980) fez da escrita uma arma branca cujo gume afiado se cravou na cinzenta sociedade americana, anestesiada por uma pseudofelicidade de subúrbio. Sobreviveu a uma dura infância em Brooklyn e ao desajustamento da vida citadina em Nova Iorque, mergulhou nos excessos sensoriais nos antros de Pigalle, pediu esmola nas ruas de Paris, e, já consagrado, travou uma longa batalha pela liberdade de ver nas livrarias americanas Trópico de Câncer (1934) e Trópico de Capricórnio (1939). Granjeou fama de boémio, visionário e sábio de Big Sur, onde viria a escrever Pesadelo em Ar Condicionado (1945), Big Sur e as Laranjas de Hieronymus Bosch (1958) e Os Livros da Minha Vida (publicado pela Antígona em 2006), entre outras obras. Enveredou pela pintura, pela crítica literária e pela literatura de viagens e, dono de uma escrita profética, falou a língua das classes baixas, influenciando a geração beat. Legou-nos uma duradoura incomplacência com a mediocridade e a esperança no homem alheio a instituições e às massas.




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