Rentrée 2025 | Novidades até ao fim do ano

Recarregámos a serotonina nas férias para continuar a transmitir-vos a nossa paixão pelos textos subversivos e a desafiar-vos com livros que espicaçam mentes, mudam vidas e semeiam liberdade.

Eis a nossa colheita. Apanhai-os frescos até ao fim do ano e saboreai-os detidamente até ao fim dos tempos. Tchim-tchim!

OS VIGILANTES – Cinco vigias em torno das fronteiras, Taina Tervonen

Tradução Luís Leitão | Relato / Reportagem | ISBN 978-972-608-484-6 | Já nas livrarias

Os Vigilantes (2025), a estreia em Portugal da jornalista Taina Tervonen (Prémio Jan Michalski de Literatura 2022), aborda a questão dos migrantes que atravessam o Mediterrâneo e dá voz a um grupo que, em contacto permanente e na sombra, em França, Espanha e no Senegal, acompanha estas viagens de risco, as tragédias no mar, registando a memória dos que pereceram, para que esta não caia na indiferença do Ocidente.

Taina Tervonen (n. 1973) nasceu na Finlândia, cresceu no Senegal e vive em Paris, onde é jornalista, escritora e documentarista. «Contadora de histórias verdadeiras», há mais de vinte anos que se dedica à questão das migrações e dos traumas de sociedades devastadas pela guerra. A perseverança no preenchimento de silêncios da História valeu-lhe o Prémio Louise Weiss de Jornalismo Europeu e o True Story Award. Em 2022, a Fundação Jan Michalski premiou a obra Les Fossoyeuses, sobre o drama dos desaparecidos na Guerra da Bósnia.

 

MENINAS E INSTITUIÇÕES / DESEJO CINZAS À MINHA CASA, Dária Serenko

Trad. do russo Larissa Shotropa e João Maria Lourenço | Prosa literária | ISBN 978-972-608-482-2 | 8 Setembro

Meninas e Instituições (2021) é o retrato afectivo de uma geração de funcionárias na máquina estatal de Putin, uma realidade que Dária Serenko conheceu de perto e que aborda com ironia, raiva e humor: a miríade de tarefas absurdas, a misoginia e o assédio dos superiores, em bibliotecas, museus e noutras instituições, mas também a solidariedade que une estas mulheres. Desejo cinzas à minha casa (2022) narra a experiência da autora numa prisão russa, na véspera da invasão da Ucrânia, e converte-se numa reflexão sobre o horror da guerra, a instrumentalização da morte, o exílio e a identidade.

Dária Serenko (n. 1993), dissidente russa, trabalhou em galerias de arte e bibliotecas, vigiada por câmaras do regime. Publicou os primeiros poemas aos dezasseis anos e tem vindo a distinguir-se pelo envolvimento em organizações de defesa dos direitos humanos e da comunidade LGBTQIA+. Em 2022, foi detida por «divulgação de simbologia extremista». Quando estalou a guerra na Ucrânia, foi obrigada a exilar-se na Geórgia e, desde 2023, o seu nome integra a lista de agentes estrangeiros.

 

SEXOGRAFIAS, Gabriela Wiener

Prólogo Camila Sosa Villada | Tradução Guilherme Pires | Crónicas

ISBN 978-972-608-468-0 | 22 Setembro

Depois da publicação de Retrato Huaco, Sexografias (2008), as melhores crónicas de jornalismo gonzo de Gabriela Wiener, é um salto sem rede no mais fundo da sexualidade contemporânea, com as suas obsessões e alegrias. Numa prisão peruana, num ritual de ayahuasca na selva amazónica, no Bois de Boulogne entre prostitutas e travestis, estas crónicas íntimas e carnais, na primeira pessoa, deitam a língua de fora a narrativas convencionais, para abraçarem sem tabus a emancipação e o prazer.

 

JARDINS PERFUMADOS PARA OS CEGOS, Janet Frame

Tradução Paulo Faria | Romance | ISBN 978-972-608-485-3 | 6 Outubro

Em 2025, com o romance Jardins Perfumados para os Cegos, a Antígona recupera a obra de Janet Frame, que fez da literatura uma estratégia de sobrevivência, vencendo estigmas sociais e reescrevendo a sua história como uma das maiores autoras neozelandesas do século xx. Em 2026, chegarão às livrarias os melhores contos da autora, seleccionados e traduzidos por Paulo Faria.

Eternizada na autobiografia An Angel at My Table e no aclamado filme homónimo de Jane Campion, Janet Frame (1924-2004) foi romancista, poeta e contista candidata ao Nobel. Converteu um passado de pobreza e doença mental em literatura única e intensa, capaz de fazer «florescer mundos na mente do leitor». Internada num hospital psiquiátrico em Dunedin – experiência narrada em Faces in the Water (1961) –, foi literalmente salva pela escrita, quando a atribuição de um prémio literário ao seu primeiro livro – The Lagoon (1951) – evitou que fosse submetida a uma lobotomia. Elegeu a literatura e a imaginação como um porto seguro e, na sua obra, questionou as fronteiras entre sanidade e loucura, e o estigma social que paira sobre os ostracizados.

Jardins Perfumados para os Cegos (1963), livro hipnótico e sublinhável ad aeternum, revela-nos a vida da família Glace – Erlene e a sua mudez voluntária, os pais Vera e Edward –, a incomunicabilidade e a solidão que a atingem. Um romance sobre o poder da linguagem, a lucidez e a sensibilidade que, por vezes, a loucura concede aos que a sociedade denomina insanos e proíbe aos demais no caos da vida moderna.

 

MARCAS DE BATOM – Uma História Secreta do Século XX, Greil Marcus

Tradução Helder Moura Pereira | Ensaio | ISBN 978-972-608-449-5 | 20 Outubro

Enciclopédia da subversão e da revolta, um livro no qual se cruzam os Sex Pistols, Debord e os situacionistas, dadaístas e gnósticos da Idade Média.

Marcas de Batom (1989) é uma viagem alucinante que nos leva dos heréticos medievais aos dadaístas, dos situacionistas aos movimentos underground dos anos 70 e 80, em busca da rebeldia e do inconformismo que em vários tempos e lugares desafiaram o statu quo. Uma aventura que começou quando, ao ouvir pela primeira vez «Anarchy in the UK», dos Sex Pistols, Greil Marcus sentiu a urgência de descobrir de onde vinha a força e o NÃO rotundo do punk gritado ao mundo. Porque, ao longo da História, sempre se fizeram ouvir vozes subversivas e marginais, na música, na arte e nas ruas, que formaram uma corrente demasiado vital e coerente para ser travada. Como «marcas que o tempo apaga da pele, mas persistem na memória», esta é a sua história.

 

CAPITALISMO CANIBAL, Nancy Fraser

Tradução Miguel Serras Pereira | Ensaio | ISBN 978-972-608-479-2 | 3 Novembro

Livro imprescindível para quem quer compreender o capitalismo contemporâneo, omnívoro e alarve, e que representa uma aturada síntese do labor investigativo de Nancy Fraser. Se à crise climática actual acrescem crises económicas sucessivas e hostilidades face a minorias, Capitalismo Canibal (2022) traça a linha que une todos os pontos: um modelo económico devorador, destinado a envenenar a prática política e a arruinar a nossa capacidade de cuidar dos outros.

Nancy Fraser (n. 1947) é uma das mais destacadas teóricas marxistas e feministas norte-americanas. Professora de Filosofia e de Ciência Política e Social na New School, de Nova Iorque, trabalha sobre a relação do capitalismo com a opressão racial, a crise ecológica, os movimentos feministas e a ascensão do populismo de direita.

 

A UNIVERSIDADE DE REBIBBIA, Goliarda Sapienza

Tradução Manuela Gomes | romance | ISBN 978-972-608-475-4 | 17 Novembro

Ler Goliarda Sapienza é uma experiência inesquecível. A sua obra deve figurar entre os grandes textos da literatura íntima feminina, juntamente com os escritos de Virginia Woolf, Anaïs Nin ou Alejandra Pizarnik. | Le Figaro Littéraire

Depois de Carta Aberta, a Antígona prossegue a publicação do ciclo biográfico da autora – a «autobiografia das contradições». A Universidade de Rebibbia (1983) é o relato literário dos meses de reclusão que a autora passou numa prisão feminina no nordeste de Roma e uma comovente homenagem a mulheres rebeldes e inconformadas. Um duro retrato do quotidiano atrás das grades e a descoberta, entre risos, lágrimas e silêncios partilhados, de uma nova vida em comunidade, menos fria e indiferente do que a existência em sociedade.


Partilhar esta publicação


← -