Que doidice é essa? Valha-nos Alá! Tu queres ir trabalhar! E Porquê? O que te desagrada nesta casa? Filho ingrato! Sustentei-te e vesti-te durante tantos anos e é esta a tua paga! Queres então cobrir-nos de vergonha!
«Se o mundo se transformou numa coisa mal-humorada, isso deve-se sem dúvida ao facto de agora ser preciso muito dinheiro para viver. A vida é muito simples mas tudo conspira para a tornar complicada. É quando nos vemos livres da ambição do dinheiro, do orgulho ou do poder que a vida se revela formidável.» (Albert Cossery)
Por que razão deverá uma pessoa trabalhar, podendo evitá-lo? É nesta interrogação oriental que se alicerça toda a obra de Cossery. Mandriões no Vale Fértil (1947), esgotado há vários anos, é o romance em que o autor dedica ao seu tema predilecto – o ódio sarcástico ao trabalho – uma maior amplitude filosófica. A mandriice, longe de ser um defeito, é cultivada como uma flor rara e preciosa pelas personagens deste livro. Numa vivenda a pedir obras, nos arredores de uma grande cidade egípcia, mora uma família singular: um ancião, os seus três filhos e um tio que ali encontrou refúgio depois de ter delapidado toda a fortuna. Convictos de que o trabalho engendra apenas a desordem e a desgraça, descobrem que manter a doce sonolência que reina em casa é, afinal, uma árdua tarefa.
- título original Les Fainéants dans la vallée fertile
- tradução Júlio Henriques
- 3.ª edição 2022
- páginas 220
- formato 13,5 x 21 cm
- isbn 978-972-608-123-4
*O preço final inclui 10% de desconto da editora (válido até 31/12/2024)
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