Habitar poeticamente o mundo é o oposto de habitar tecnicamente o mundo. […] É muito difícil habitar poeticamente um mundo infeliz, mas é possível. E é tanto mais necessário quanto o mundo se perde, se deteriora, se despedaça.
CHRISTIAN BOBIN
Neste número, a íntima relação entre desenvolvimento tecnológico e destruição é também ilustrada pelo que se passa em Portugal, quando o extractivismo de minérios passou a estar na agenda dos governos e se tornou urgente desmontar a grande falácia da «transição energética». No plano global, no dossiê dedicado à Palestina, vemos no tecnológico genocídio do povo palestiniano uma decisiva demonstração daquilo que a civilização euro-americana tem de fatídico: Israel, o Estado criado no Médio Oriente por duas potências ocidentais, a Grã-Bretanha e a França, aplica agora totalmente o modelo colonial de extermínio com que veio ao mundo o país chamado Estados Unidos da América. E que o Estado sionista inflija um aniquilamento tecno-militar semelhante àquele que o Estado nazi infligiu à população judaica é demonstrativo do que significa o actual percurso civilizacional: Gaza é o destino da humanidade, o progresso reduz-se ao progresso das coisas.
Como mostra Ailton Krenak, «…o programa de longa duração do capitalismo é integrar-nos a todos como clientes e apagar a nossa memória de cidadania.»
Dois estudos, «O pior país do mundo?», do naturalista americano Paul Donahue, e «Obsolescência da maldade», do filósofo alemão Günther Anders, expõem as profundas ligações existentes entre desenvolvimento industrial e irracionalismo.
Na parte dedicada a África, faz-se «Uma descoberta africana»: a rejeição por populações camponesas do Senegal do modo europeu de exploração da terra e do trabalho.
Este número inclui também humor, poesia e ficção de Abdul Kader El Janabi, Alfred Jarry, Asma Azaizeh, Christian Bobin, David Diop, David Watson, Fadwa Tuqan, José Miguel Gervásio, Júlio Henriques, Marilynn Rashid, Miguel Bermejo, Slawomir Mrozek.
Fotografia e desenho de Acção Colectiva, André Lemos, António José Lopes, Ariana Victorino, Atom Gobi, Bruno Borges, Jean-Michel Beaudet, José Feitor, Juan R. Fuentes, Mariya Nesvyetaylo, Miguel Carneiro.
- EDITOR E COORDENADOR Júlio Henriques
- DESIGN GRÁFICO Gonçalo Mota
- CAPA Miguel Carneiro
- EDIÇÃO Junho 2025
- PÁGINAS 196
- FORMATO 19 x 24 cm
- ISSN 2183-9948
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*O preço final inclui 10% de desconto da editora (válido até 31/12/2025)
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