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Comboios Rigorosamente Vigiados | Ípsilon (Público) | Recensão de Mário Santos ★★★★★
«Comboios Rigorosamente Vigiados deve ser o mais conhecido e o mais traduzido dos romances de Bohumil Hrabal, e para tal popularidade terá contribuído o filme que Jirí Menzel realizou a partir dele em 1966, e que viria a ganhar um Óscar para o melhor filme em língua estrangeira. A verdade é que Menzel teve a sua tarefa muito facilitada, tendo-se limitado, praticamente, a recriar as imagens poderosas que (habitualmente) alavancam a ficção de Hrabal, justapondo-as. Numa delas, fazendo “vénias” e arrulhando, estão os pombos: “Um comboio de mercadorias entrava na estação. O senhor chefe da estação saiu para o cais e os pombos levantaram voo, pousaram-lhe nos ombros e na cabeça, obrigando-o a esticar os braços, e os linces-da-polónia pousaram nele como numa estátua no meio de uma praça” (p. 57). A imagem já nos tinha sido oferecida antes, quando o narrador descreveu os linces-da-polónia entrando pela janela aberta da estação e pousando “no senhor chefe da estação como num monumento ou numa fonte” (p. 29).»