As novidades de 2024 em destaque

Uma seleção da nossa colheita insolente e subversiva anual.
Para degustar ao longo de 366 dias.
Tchim-tchim!
 

 

FICÇÃO

MARÇO

CARUNCHO | Layla Martínez
Tradução e posfácio Guilherme Pires
ISBN 978-972-608-455-6 | 128 pp.
Romance | 18 Março

Este livro é a vingança de uma ferida intergeracional, da aceitação da barbárie, da perda dos limites quando se trata de proteger os nossos. É o livro das miseráveis e das infelizes que dizem basta. |  Alana Portero

Êxito em Espanha e fenómeno literário, Caruncho (2021) narra o regresso de uma neta à casa rural da família, no coração de uma Espanha desertificada, marcada por resquícios do franquismo, uma terra tão agreste e estéril como o destino a que condena as mulheres que nela vivem. Contada a duas vozes, esta história de vingança e ressentimento é indissociável da memória do lar, das quatro paredes sobre as quais pesam traumas herdados e décadas de violência patriarcal. Um romance com contornos góticos, com um final surpreendente, sobre uma pesada herança familiar que corrói as protagonistas.

Layla Martínez (Madrid, 1987) é autora de ensaios como Gestación Subrogada (2019) e Utopía no es una Isla (2020), de contos e artigos publicados em várias antologias, como Estío, Once Relatos de Ficción Climática (2018). É editora das chancelas Levanta Fuego e Antipersona, e orientou workshops sobre o papel dos monstros na cultura ocidental, arquétipos femininos e história das mulheres.

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MAIO

ARTIGO 353 | Tanguy Viel
Tradução Luís Leitão
ISBN 978-972-608-460-0 | 144 pp.
Romance | 6 Maio

Político e fulgurante. | L’Obs

Na costa da Bretanha, um corpo é atirado ao mar. O culpado, Martial Kremeur, pai de família e operário reformado, entrega-se às autoridades. Artigo 353 (2017) é a sua longa confissão chabroliana perante o juiz – um monólogo arrebatador e de fôlego – e o retrato de um homem que procura compreender as circunstâncias que o levaram a cometer um crime. Uma história magistralmente contada por Tanguy Viel, em torno de uma comunidade destruída por um promotor imobiliário sem escrúpulos e pelas suas promessas ilusórias. Um livro sobre a raiva desesperada perante a impotência, as contradições que reduzem os da mó de baixo a massa de manobra e que se converte num libelo contra o neoliberalismo.

 

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JUNHO

NIELS LYHNE | Jens Peter Jacobsen
Prefácio Claudio Magris | Tradução do dinamarquês Elisabete M. de Sousa | Tradução do prefácio Miguel Serras Pereira
ISBN 978-972-608-458-7
Romance | 3 Junho

Um livro dos esplendores e das profundezas; quanto mais vezes se lê: parece nele tudo estar contido, do mais suave aroma da vida até ao sabor pleno, grande, dos seus frutos mais pesados. | Rilke

Livro de cabeceira de Rainer Maria Rilke e obra-prima da literatura dinamarquesa, enaltecida por Thomas Mann e Hermann Hesse, Niels Lyhne (1880) é um romance de formação que acompanha a vida do protagonista homónimo, que críticos compararam a Hamlet. Este jovem ateu e poeta em formação, desiludido com convenções sociais e incapaz de ceder a máscaras de respeitabilidade, vê como estéreis todos os seus intentos e a «prosa do quotidiano apagar os fogos-fátuos da poesia». Um tesouro da literatura escandinava sobre o dilaceramento entre a fé e a razão, a eterna sensação de não-pertença, a conformidade a expectativas sociais e a arte.

Tido por um dos maiores escritores da literatura dinamarquesa, Jens Peter Jacobsen (1847–1885), tradutor e divulgador de Darwin, distinguiu-se como poeta e romancista. Em Copenhaga, o «Werther da sua geração», segundo Stefan Zweig, sofreu uma profunda crise de fé na adolescência e, oriundo de uma família religiosa, enveredou pelo ateísmo. Viajou pela Suíça e por Itália, para mitigar a tuberculose que o afligiria até ao fim dos seus dias. 

 

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AGOSTO

A CORNETA (tít. provisório) | Leonora Carrington
Prefácio Ali Smith | Tradução Inês Dias
Romance | 19 Agosto

Centenário do Surrealismo – 2024

Ler A Corneta liberta-nos da triste realidade do quotidiano. |  Luis Buñuel
Uma extraordinária história surrealista – hilariante e aterradora. |  Olga Tokarczuk
Um dos romances mais originais, divertidos e visionários do século xx. |  Ali Smith

Dura de ouvido, nonagenária e vegetariana, Marian Leatherby é brindada com uma rica prenda: um aparelho auditivo oferecido pela sua amiga Carmella. E rapidamente se apercebe dos planos que a família lhe destina: um bilhete (só de ida) para um lar de terceira idade, cristão e patrocinado por uma marca americana de cereais de pequeno-almoço. Provavelmente a heroína de maior longevidade na história da literatura, esta anciã empoderada não está pelos ajustes e trata de fazer soar alto e bom som críticas à hipocrisia político-social reinante. Em suma, com uma intriga que alia, previsivelmente, mitologia céltica, contos de fadas e fisioterapia, A Corneta (1974) é «uma utopia pós-apocalíptica, em que um grupo de anciãs — auxiliadas por um chinês, um carteiro-bardo imortal, um bando de lobos e uma lobimulher — recupera o Santo Graal, para instaurar uma nova ordem, baseada no amor e no respeito por todas as criaturas» (Diana Almeida).

 

A PAREDE | Marlen Haushofer
Tradução do alemão Gilda Encarnação
ISBN 978-972-608-460-0
Romance | 19 Agosto

Um magnífico clássico feminista e ecologista redescoberto, com um potencial infinito de transformar vidas

Um romance maravilhoso. São raras as vezes em que se pode dizer que apenas uma mulher poderia ter escrito este livro, mas as mulheres em particular compreenderão a terna devoção da heroína aos detalhes da criação e manutenção da vida, a cada dia sentidas como uma vitória contra tudo aquilo que enfraquece e destrói. | Doris Lessing

De férias numa casa de campo nos Alpes austríacos, uma mulher apercebe-se de que está isolada do resto do mundo por um muro, confinada por uma barreira invisível, tendo por únicos companheiros um gato, um cão, uma vaca e as imponentes montanhas. À medida que se adapta a um novo modo de vida, desenvolve uma profunda conexão com o mundo natural, encontrando um propósito: a manutenção do mundo que a rodeia. Escrito sob a forma de diário, A Parede (1963) é uma história de sobrevivência, um romance sobre o regresso às origens e o respeito por tudo o que nos rodeia, animal ou vegetal. Foi adaptado ao cinema por Julien Pölsler em 2012.

Depois de uma idílica infância no Norte da Áustria, onde apreciava os prazeres do ar livre, Marlen Haushofer (1920-1970) estudou Filosofia, Alemão e História de Arte em Viena. Romancista e contista, frequentou o círculo de Ingeborg Bachmann, Ilse Aichinger e Thomas Bernhard. Receberia o Grande Prémio de Literatura do Estado Austríaco em 1968 e viria a influenciar a obra de Elfriede Jelinek.

 

 

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SETEMBRO

TEA ROOMS
Mulheres Operárias
 
| Luisa Carnés
Tradução Helena Pitta 
ISBN 978-972-608- 435-8 | 184 pp.
Romance

Dez horas de trabalho, cansaço, três pesetas. 

Madrid. Anos 30. Num distinto salão de chá, acompanhamos o esforçado dia-a-dia das empregadas do estabelecimento, enquanto prenúncios da guerra ecoam nas ruas. Romance que retrata a realidade das mulheres no período que antecedeu a Guerra Civil Espanhola, apelando inevitavelmente ao presente, Tea Rooms (1934) apresenta-nos a veterana Antonia, cuja competência ninguém reconhece, Laurita, a afilhada do dono, que se diz uma rapariga moderna, entre outras. Se, porém, todas elas se calam perante hierarquias, cabe a Matilde, a protagonista, com as suas aspirações de igualdade e emancipação, despertá-las do silêncio.

Romancista e jornalista, Luisa Carnés (1905-1964) nasceu no seio de uma família operária de Madrid. Autodidacta, trabalhava de dia e escrevia à noite, foi telefonista e empregada em salões de chá, à semelhança das personagens de Tea Rooms. Defensora do sufrágio feminino e da causa republicana, exilou-se no México. «Autora injustamente esquecida e de leitura obrigatória» (La Vanguardia), tem vindo a ser reeditada em Espanha.  

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OUTUBRO

HUACO RETRATO (tít. provisório) | Gabriela Wiener
Tradução Guilherme Pires
Romance | 7 Outubro

Wiener é pura rebeldia, humor e ternura. | Sara Mesa
Com grande inteligência e um humor irreverente, Wiener resgata do arquivo familiar uma história íntima que é também a história infame do nosso continente. | Valeria Luiselli
Seguir o rasto de Gabriela Wiener, caminhar atrás dela sonhando alcançá-la, é um dos poucos luxos que nos restam. | Alejandro Zambra

O romance de estreia de uma das vozes mais irreverentes e ousadas da nova geração de escritoras latino-americanas

Em Huaco Retrato (2021), nome dado a estatuetas de cerâmica que representavam fielmente rostos indígenas e, dizia-se, capturavam as suas almas, mesclam-se uma história de família e reflexões sobre o colonialismo. Quando a autora se passeia por uma sala de um museu parisiense e depara com uma colecção doada no século XIX por um antepassado austríaco – Charles Wiener –, descobre o seu rasto de violência e pilhagem, e um filho bastardo, que deu origem à linhagem peruana da autora. Esta perturbadora herança familiar e colonial faz Gabriela Wiener investigar a sua genealogia, a história de dois continentes, e abordar, com um humor corrosivo, relações de parentesco nas quais colonizadores e colonizados se fundem.

Gabriela Wiener (Lima, 1975), jornalista e escritora peruana, residente em Madrid, é uma das novas vozes literárias mais destacadas da América Latina. Escreve para o La República, o El País e o New York Times. Ganhou o prémio nacional de jornalismo no Peru e, entre os seus livros – publicados em Itália, Espanha e França –, destacam-se Sexografías, Nueve Lunas, Llamada perdida, Dicen de mí e o poemário Ejercicios para el endurecimiento del espíritu.

 

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NOVEMBRO

A PEQUENA COMUNISTA QUE NUNCA SORRIA | Lola Lafon
Tradução Luís Leitão 
ISBN 978-972-608-452-5 | 256 pp.
Romance | 18 Novembro

A Pequena Comunista que Nunca Sorria (2014) leva o leitor até aos Jogos Olímpicos de Verão em Montreal, em 1976, onde uma frágil adolescente de 14 anos obtém um 10 perfeito em ginástica artística. Fascinada pela história da criança-mito Nadia Comaneci e imaginando os seus pensamentos e emoções nos anos subsequentes, quando um jornal francês declarou «a rapariga tornou-se mulher; a magia desapareceu», Lola Lafon cria um romance inspirado sobre uma infância sacrificada, uma adolescência comprometida, o tratamento da figura feminina pela comunicação social e pela sociedade e um ideal de perfeição que só a custo da sanidade mental é suportado pelo corpo.

Lola Lafon (n. 1974) nasceu em Paris, onde reside actualmente, e cresceu em Sófia e em Bucareste. Na adolescência, frequentou os meios dos squatters e anarquistas da capital francesa. É autora de seis romances premiados, entre os quais Une fièvre impossible à négocier (2003) e Nous sommes les oiseaux de la tempête qui s’annonce (2011), que abordam o capitalismo, o antifascismo e o feminismo. Está envolvida em diversos colectivos feministas e orienta ateliês de escrita para populações desfavorecidas. Integra o grupo musical Leva, influenciado por sonoridades e tradições musicais dos Balcãs.

 

 

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POESIA

UMA CONEY ISLAND DA MENTE | Lawrence Ferlinghetti
Tradução Margarida Vale de Gato 
ISBN 978-972-608-460-0| 224 pp. | edição bilingue
Poesia | Abril

Provavelmente a colectânea de poemas mais famosa do ícone beat e editor da City Light Books, inclui clássicos como «Estou à espera» e «Obbligato do sucateiro». Obra traduzida em doze línguas, é o livro de poesia mais vendido nos EUA na segunda metade do século xx. Crítica sã a uma América transformada num misto de feira popular e casa de fantasmas – metáfora e alegoria da vida moderna –, a par do seu intemporal fervor antiestablishment e statu quo, Uma Coney Island da Mente (1958) conserva até hoje o estatuto de clássico da poesia moderna.  

 

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NÃO-FICÇÃO

JANEIRO

CAMINHAR
Uma Filosofia | Frédéric Gros
Tradução Inês Fraga
ISBN 978-972-608-432-7 | 248 pp. ensaio

Um livro que deleitará até o leitor mais sedentário. | Le Monde

Experiência física e simultaneamente mental, para Frédéric Gros, caminhar não é um desporto, mas uma fuga, uma deriva ao acaso, um exercício espiritual. Exaltada e praticada por Thoreau, Rimbaud, Nietzsche e Gandhi, revestiu-se, desde a Antiguidade até aos dias de hoje, de muitas formas: errância melancólica ou marcha de protesto, imersão na natureza ou pura evasão. Do Tibete ao México, de Jerusalém às florestas de Walden, Caminhar (2008) inspira-nos a sair de casa e mostra como, pelo mundo inteiro, esta arte aparentemente simples de «pôr um pé à frente do outro» tem muito a oferecer e a revelar sobre o ser humano.

 

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FEVEREIRO

A INDÚSTRIA DO HOLOCAUSTO
Reflexões Sobre a Exploração do Sofrimento dos Judeus 
| Norman G. Finkelstein
Tradução Ana Barradas
ISBN 978-972-608-662-4 | 176 pp.
Ensaio | 2.ª ed. | 19 Fevereiro

Quando escrevo estas palavras, Israel volta a explorar a memória do holocausto nazi, comparando o Hamas aos nazis para poder justificar o genocídio em Gaza. | Norman Finkelstein, Dezembro de 2023

A Antígona reedita um livro essencial nos tempos que correm, uma obra iconoclasta, controversa e documentada sobre a exploração do Holocausto no estatuto de excepcionalidade do Estado de Israel, que exime o país e os seus apoiantes de qualquer crítica. Partindo da distinção entre o holocausto nazi – acontecimento histórico real – e o seu aproveitamento como arma ideológica, Norman Finkelstein (n. 1953), activista, ex-professor na Universidade de Nova Iorque e filho de sobreviventes do gueto de Varsóvia, estuda a génese desta imunidade que continua a colher dividendos políticos.

 

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MARÇO

BANDIDOS | Eric J. Hobsbawm
Tradução Luís Leitão 
ISBN 978-972-608-461-7 | 256 pp.
Ensaio | 4 Março

Um contributo imprescindível para a história das mentalidades e das revoltas populares. | Times Literary Supplement

Bandidos: marginais e fora-da-lei para os mandantes; justiceiros e heróis para o povo, que inspiraram filmes, lendas e baladas na cultura popular. Bandidos (1969) traça a conturbada história do banditismo social, vendo no advento das suas figuras lendárias uma reacção à destruição do modo de vida de comunidades rurais. Ao longo de vários séculos e percorrendo quatro continentes – de Robin dos Bosques a Pancho Villa, dos haiduques dos Balcãs aos cangaceiros brasileiros –, esta obra tornou-se uma referência e abriu caminho a estudos e pesquisas sobre um tema ignorado pela história oficial.   

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JULHO

AUTODEFESA

Uma Filosofia da Violência | Elsa Dorlin
Tradução Manuel de Freitas
ISBN 978-972-608-444-0
Ensaio | 21 Outubro

Prémio Frantz Fanon 2018

Ensaio sobre o sentido político da autodefesa e a sua genealogia, sobre a forma como a própria história da violência encerra uma contra-história interna: a da prática da autodefesa e da resistência contra a ordem dominante – policial, judiciária, racista, homofóbica. Um vigoroso fresco histórico, no cruzamento entre a filosofia e a política, que abarca tanto a autodefesa dos escravos, a genealogia do krav maga, o jiu-jitsu das sufragistas britânicas na sua luta pelos direitos cívicos, como as lutas armadas dos Panteras Negras nos anos 60.

Elsa Dorlin (n. Paris, 1974), doutorada pela Universidade Paris-Sorbonne, é professora de Filosofia Social e Política na Universidade Paris VIII. Ensaísta e investigadora em teoria feminista, organizou a antologia Black Feminism: Anthologie du féminisme africain américain (1975-2000) e publicou, entre várias obras, La Matrice de la race (2006) e Sexe, genre et sexualités (2017).

 

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SETEMBRO

A COMUNIDADE TERRESTRE | Achille Mbembe
Tradução José Mário Silva
ISBN 978-972-608-451-8
Ensaio | 8 Julho

Obra mais recente de Achille Mbembe, referência na área dos estudos póscoloniais, A Comunidade Terrestre (2023) sucede a Políticas da Inimizade e Brutalismo (2020), encerrando uma trilogia temática. Nas suas páginas, o professor de História e de Ciência Política na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, e na Universidade Duke, nos EUA, centra-se nas principais forças de transformação na era da planetarização: o retorno do espírito belicista – em particular, no coração da Europa – e as mudanças climáticas, que abalam a Terra. Perante escolhas decisivas, que definirão a (im)possibilidade da vida no planeta, diante da combustão e do sequestro do mundo levada a cabo pelo capitalismo, relembra-nos a inevitabilidade de imaginarmos um futuro juntos, como habitantes de uma casa comum.

 

MARCAS DE BATOM 
Uma História Secreta do Século XX | Greil Marcus
Tradução Helder Moura Pereira
ISBN 978-972-608-449-5
Ensaio | 9 Setembro

Esgotado há muito em Portugal, chega em 2024 a aguardada reedição de Marcas de Batom (1989) de Greil Marcus, crítico musical, ex-editor da Rolling Stone e colunista icónico. Em entrevista a Tony Wilson, Greil Marcus confessava em 1989 ter ficado abismado ao ouvir Johnny Rotten cantar «Anarchy in the UK». Restava-lhe descobrir de onde vinha a força, o poder, o niilismo e o não rotundo dos Sex Pistols, gritado ao mundo, em suma, encontrar as raízes deste inconformismo. Marcas de Batom traça precisamente esta busca, esta viagem alucinante e imparável que o leva dos heréticos medievais aos dadaístas, situacionistas e anarquistas, e que prova que, ao longo da História, apesar de múltiplas tentativas de supressão, foi impossível calar as vozes subversivas e marginais que reaparecem e se fazem ouvir incessantemente na música, em manifestos, na arte, e que formam uma corrente demasiado vital e coerente para ser travada.

 

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OUTUBRO 

EN AVANT DADA
Uma História do Dadaísmo | Richard Huelsenbeck
Tradução Bruno C. Duarte
ISBN 978-972-608-387-0
Ensaio | 8 Abril

Centenário do Surrealismo – 2024

Em En avant Dada (1920), Richard Huelsenbeck – co-fundador do Cabaret Voltaire em 1916, figura central do dadaísmo, cronista da vanguarda e autor de vários artigos, panfletos e poemas que contribuiriam para a disseminação do espírito DADA – traça a história do movimento dada. Uma história parcial e polémica, por um dos seus principais intervenientes, e, neste sentido, plenamente dadaísta.

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NOVEMBRO

UMA HISTÓRIA DOS BOMBARDEAMENTOS | Sven Lindqvist
Tradução do sueco Ana Diniz
Ensaio | 17 Junho

Do autor de Exterminem Todas as Bestas e Terra Nullius, uma das obras mais aclamadas de Sven Lindqvist, uma visão histórica do «século das bombas» e das ideologias da guerra e da violência.

Em diários de viagem e ensaios, o autor sueco Sven Lindqvist (1932- 2019) fez da sua obra um constante lembrete das violências infligidas pelo homem ao seu semelhante, das injustiças permanentes e inescapáveis no planeta. Uma História dos Bombardeamentos (1999), compêndio dos efeitos devastadores da «morte que vem dos céus», assume um jogo formal sui generis: uma estrutura fragmentada – como se estilhaçada por uma bomba –, em parágrafos numerados, na qual o leitor escolhe o seu percurso, revisitando episódios e marcos da guerra aérea, a história da estratégia militar e a vida de civis em tempos de conflito. Um labirinto de acontecimentos, onde a cada passo o autor nos desengana sobre as guerras ditas limpas, «sem emoção, como uma ciência», revolve fantasias genocidas em nome do imperialismo e apela a um presente que teima em não aprender com os erros do passado.

 

 


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